segunda-feira, 23 de março de 2009

22 de Março de 2009


Não sei no que penso. Não sei no que pensar. Não sei se penso. No sei o que é pensar. Penso sem saber como. Bato à porta das boas lembranças. Elas estão dando uma festa hoje à noite, mas me deixaram de fora dessa. Vou dormir sem sono e acordo exausto de uma batalha interna, onde não há vencedor ou perdedor. Há enfrentamento; há realização; há percepção.

O sal toca a minha boca e você pergunta qual a cor dos meus olhos. Tudo está tão difuso que não posso responder.
Segundo round e eu já estou no chão: essa minha lembrança de que já estive aqui. Aqui é tão...seguro. O céu é tão...longe...incerto...arriscado...e você me convida para um vôo. Já não sou mais eu quem responde. A voz, contudo, eu reconheço como sendo minha.

Dou uma volta por aí. Faço vigília por esses corredores da mente. Passo na sala da Razão e até ela me sorri com um sarcasmo inferível. Mas eu sou ferível...eu estou ferido. Altamente vulnerável a todas as suas críticas. Só vou parar de ser Eu quando o relógio disser que devo. Quando tiver que vestir a roupa.

Máscara? Prefiro o termo casca. Mil vezes melhor. Porque quando tudo acaba não é só seu rosto que fica exposto. É o que chamo Contrato Maldito. Em maiúsculas, para não dizerem que não levo nada à sério.

Inventemos um novo jeito de abraçar; falar em código e até mesmo advinhar o que o outro está pensando. No verso do Contrato escrevo estas palavras. Herança inútil para muitos, mas "muitos" opõe-se a "único" e você...bem, você é único. Deixo ainda em vida boa parte dos meus bens para você. Aos que perguntam "Que bens?" farei uma correção. É apenas um. O meu bem-querer. Mesmo sabendo que...isso é muito pouco perto de tudo que merece. Muito prazer por ter tido essa chance. E se você se pergunta o porquê de tudo isso, eu responde: para nunca me arrepender por nunca tê-lo feito.

Ser reticente, às vezes, significa emocionar-se e perder a voz. É como disse uma vez uma sábia poetisa natalense, Ana Maria de Azevedo:

[...]Momento calado
onde só meus olhos falam,
onde só eles furam as barreiras
e chegam ao que buscam
e sorriem-se e voltam-se,
fazendo-me feliz no fim da tarde.
nesta tarde que estou sozinha,
mas com tua imagem.

quarta-feira, 18 de março de 2009